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Cirrose Hepática associado ao Alcoolismo

Por Maylson Xavier

A cirrose hepática é uma alteração histomorfológica do fígado, caracterizado pela substituição difusa dos hepatócitos por tecido fibroso semelhante à cicatriz, decorrente de processos patológicos contínuos de diversas causas como: etilismo, hepatites virais (B, C e D), hepatites autoimunes, doenças metabólicas, vasculares e biliares, deficiência de alfa-1-antitripsina, Doença de Wilson, hemocromatose, insuficiência cardíaca direita crônica, insuficiência congênita de ductos intra-hepáticos. A estrutura hepática fica alterada com presenças de nódulos de regeneração resultando em uma consistência rígida e superfície irregular, comprometendo o desempenho de suas funções.

O fígado é um órgão que atua como glândula exócrina (liberando secreções) e glândula endócrina (liberando substâncias para o sangue e linfa). Desempenha diversas funções no organismo como: armazena e libera glicose, metabolizam lipídios e proteínas (conversão de amônia em uréia), síntese de proteínas plasmáticas, emulsificação da gordura durante o processo de digestão secretando a bile, filtrando o sangue proveniente do estômago e intestino, processamento de drogas e hormônios, entre outros. Uma das principais funções é a sua ação antitóxica contra substâncias nocivas no organismo como álcool, a cafeína, gorduras, etc.

O fígado é a maior glândula do corpo, situa-se nas partes cranial e direita da cavidade abdominal, ocupando quase a totalidade do hipocrôndrio direito, a maior parte do epigástrio e estendendo-se, não raramente, ao hipocrôndrio esquerdo até a linha mamária. (GRAY, p. 1017)

 Uma das principais agressões para o fígado é o uso abusivo de álcool por um longo período de tempo levando a lesões hepatocelular consequentemente desencadeando processos patológicos como a cirrose hepática associado à ascite, que compreende o acúmulo de fluido protéico na cavidade peritoneal, de volume superior a 25 ml, sendo a sua causa 75% de cirrose. O Brasil segundo a OMS (2011) lidera o ranking americano de consumo de álcool puro. Os dados recentes apontam que os brasileiros entre 17 e 59 anos consomem 18,5 litros de álcool puro por ano. Conforme estudos epidemiológicos realizados pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID (2000), abrangendo o uso de álcool na população geral, identificou que 17,1% são pessoas do sexo masculino e 5,7% do sexo feminino. A prevalência de dependentes foi mais alta nas regiões Norte e Nordeste. Fato mais preocupante é a constatação de que, no Brasil, 5,2% dos adolescentes (12 a 17 anos de idade) eram dependentes de álcool. No Norte e Nordeste, essa percentagem fica próxima dos 9%.
A semana Nacional contra o Alcoolismo que acontece nos períodos de 18 a 23 de fevereiro foi criada para alertar a população sobre os riscos de bebedeira. Em homens estima-se que o consumo de 60-80 gramas de álcool por dia durante 10 anos estabelece risco para o desenvolvimento de cirrose (em mulheres, 40-60g).
A cirrose hepática é considerada como uma doença crônica e silenciosa, podendo se desenvolver durante muitos anos sem que se percebam. Nesse caso a identificação seria através de análise sanguínea ou de resultados de ecografia abdominal (ultrassonografia). Este período sem sintomas é a chamada fase da cirrose hepática compensada. Por ser uma doença crônica, à medida que a doença progride as alterações estruturais do fígado tornam-se intensas e algumas manifestações começam a surgir, como: emagrecimento, cançaso, olhos amarelos (icterícia), acumulação de líquidos no abdômen (ascite), vômitos com presença de sangue (hematemese), alterações mentais (encéfalo hepáticas), diminuição da resistência às bactérias com infecções muito graves (septicemia, peritonite). Uma das complicações mais temíveis da cirrose é o cancro do fígado chamado carcinoma hapatocelular, sendo essa fase gravídica chamada de cirrose descompensada.
O tratamento da cirrose vai depender da sua causa e da fase presente. No caso do etilismo, deve ser abandonado o uso do álcool de imediato nas suas fases compensada ou descompensada. Principalmente na fase descompensada, o tratamento pode variar desde antibióticos, diuréticos (para eliminar líquidos em excesso) endoscopia com terapêutica para impedir o crescimento do carcinoma hepatocelular, sendo que em alguns casos, poderá ter que recorrer ao transplante hepático, cuja taxa de sobrevivência é próximo dos 80% (SPG. 2006).

Referências


IIDA, Vivian Helena et al. Cirrose hepática: aspectos morfológicos relacionados às suas      possíveis complicações. Um estudo centrado em necropsias. J. Bras. Patol. Med. Lab.[online]. 2005, vol.41, n.1, pp. 29-36. ISSN 1676-2444. 


PAROLIN, Mônica Beatriz et al. Resultados do transplante de fígado na doença hepática alcoólica. Arq. Gastroenterol. [online]. 2002, vol.39, n.3, pp. 147-152. ISSN 0004-2803.

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