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As estratégias utilizadas pelos Portadores de Diabetes Mellitus para o Autocontrole

Por Maylson Xavier

No Brasil o Diabetes Mellitus (DM) atinge cerca de cinco milhões de pessoas, e anualmente, provoca cerca de 25 mil mortes no país.
O diabetes é uma doença crônica e está relacionado a uma deficiência do pâncreas na secreção de insulina, hormônio responsável para a utilização da glicose no organismo, consequentemente elevando a taxa de glicose na corrente sanguínea (hiperglicemia) acima da taxa considerada normal (70 a 110 mg/dl),  podendo causar danos até mesmo irreversíveis. Por ser uma doença crônica, impõe um autocuidado e controle pelo indivíduo devido ao seu alto grau de risco.
As estratégias utilizadas para manter a taxa de glicose sempre próximo do normal é a ênfase do estudo, considerando que dentre as informações quanto à eficácia dessas estratégias, podem se revelar de suma importância para a prática do profissional de enfermagem no auxílio ao controle da doença.

Fundamentação Teórica

As doenças crônicas em especial o diabetes tem sido um sério problema que afeta um grande número de indivíduos em todo o mundo, devido ao aumento de sua prevalência, morbidade e mortalidade. Em 1997, a Associação Americana de Diabetes (ADA) baseada em aspectos fisiopatológicos classificou a doença em quatro classes: diabetes tipo 1, representa de 5-10% dos casos, comumente diagnosticado em crianças, adolescentes e adultos jovens; diabetes tipo 2, representa entre 90 a 95% dos casos, acometendo indivíduos em qualquer idade, porém mais frequentemente diagnosticado após os 40 anos; outros tipos de diabetes refere-se a defeitos genéticos nas células betas do pâncreas; e diabetes gestacional, que pode ocorrer entre 1-14% das gestações e em geral diagnosticado na metade da gravidez. Os critérios para diagnóstico de diabetes atualmente aceito são ilustrados na tabela 1.
Tabela – 1. Valores de glicemia plasmática (mg/dl) para diagnóstico de diabetes.

Classificação
jejum
2h após 75g de glicose
casual
Glicemia normal
70 e < 100
< 140

Tolerância à glicose diminuída
< 100 e < 126
> 140 e < 200

Diabetes
> 126
> 200
> 200
Fonte de dados: Brito, 2009, p.07.

No Brasil, segundo Peters (2004) estatísticas mostram que o gasto com internações não-cirúrgicas de pacientes diabéticos atinge cerca de 33 milhões por ano, fundamentado em complicações e infecções que necessitam de um tratamento terapêutico. Relatos do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que o diabetes é a quinta indicação de hospitalização e está entre as dez maiores causas de mortalidade no país. Recentemente estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimulam que até 2030 o número de indivíduos com diabetes será de aproximadamente 366 milhões. (C.f. Brito, 2009).
Essa realidade faz com que os indivíduos procurem meios ou estratégias para o controle da doença em foco, além dos remédios terapêuticos. Com base nessa idéia, o estudo pretendeu identificar e verificar as estratégias utilizadas pelos portadores de diabetes para o autocontrole prevenindo complicações e consequentemente futuras internações.
Sabemos que o cuidado depende do indivíduo e de sua capacidade para autocuidar-se, todavia se este não consegue autocuidar-se cabe ao enfermeiro a total assistência, mediante prestação de cuidado e trabalho educacional junto ao diabético. É inevitável que algumas limitações venham a aparecer com a idade, proporcionando o sedentarismo, mas o indivíduo deve ter em mente a importância de algumas atividades considerada extra-terapeutica para o controle da doença.
Conforme Grossi (2009) uma alimentação adequada torna-se de suma importância para o controle DM. Por apresentarem uma alta taxa de glicose no sangue devido a anormalidades do pâncreas na secreção de insulina, os diabéticos devem restringir alimentos que contenham açúcar, ingerir moderadamente gorduras saturadas e massas, aumentar a ingestão de alimentos ricos em fibras e algumas frutas para o controle glicêmico.
A sacarose (um tipo de açúcar) deve ser excluída da dieta e, por isso, é preciso cortar todos os alimentos que a contenham, tais como doces, balas, sorvetes, refrigerantes, chocolates, bolos, biscoitos e pães doces, etc; o fato de um alimento ser diet e não conter açúcar não significa que ele pode ser usado livremente. Dependendo de sua composição ele poderá substituir alimentos da dieta básica; as farinhas e massas de uma maneira geral não estão proibidas, mas devem ser ingeridas dentro de uma quantidade predeterminada ou como substituta de alimentos que compõem a dieta básica; é conveniente que sejam evitadas as gorduras de origem animal, sempre dando preferência às carnes magras e a gordura vegetal; o aumento na ingestão de fibras parece auxiliar no controle da glicemia; os temperos naturais (cebola, alho, pimentão, ervas, etc) podem ser utilizados sem restrição, o que permite que a alimentação seja saborosa.  (Bassoul, 2007, p. 101).

Ainda de acordo com Grossi (2009) as atividades moderadas como uma caminhada, a prática de exercício físico regular acompanhado de um profissional especializado, traz grandes benefícios tais como a melhoria do condicionamento físico, o controle glicêmico, controle do peso e pressão arterial. A prática de exercício físico aumenta as reações de oxidação de glicose normal do corpo, devido à glicose ser consumida pelo organismo para gerar energia durante o exercício realizado, sem ressaltar a liberação de substancias como a endorfina que permite uma sensação de prazer e bem estar agindo também como analgésico bloqueando a dor.
(...) os glicídios, protídios e lipídios fornecem energia sob a forma de calorias. Durante o exercício, grande parte da energia fornecida por esses três nutrientes se destina ao trabalho muscular. De acordo com o tipo de atividade, sua duração e intensidade, bem como o grau de preparo físico do indivíduo, deve haver uma proporção ideal entre os nutrientes que fornecem energia. (Bassoul, 2007, p. 64).

Os exercícios são muito úteis para o diabético devendo fazer parte integrante de seu programa de tratamento e de sua vida. Afirma Peters, (2004) que o trabalho doméstico não é considerado um exercício físico porque não mantém a freqüência e nem a intensidade das atividades realizadas.
O indivíduo deve estar consciente da necessidade de atualizar-se constantemente, aprimorando o seu conhecimento sobre a doença a fim de evitar possíveis complicações. Esse aprimoramento está relacionando a participação do indivíduo a palestras e campanhas educacionais sobre a doença, levando em consideração a informação sobre a causa, os riscos, a prevenção e o tratamento. O objetivo do autocuidado para Peter (2004), é envolver ativamente o diabético e os familiares na efetivação do tratamento e consequentemente um bom controle da doença, tendo como meta a redução das complicações e uma vida mais saudável.
O portador de diabetes mellitus precisa-se dedicar diariamente, pelo menos alguns minutos ao seu cuidado individual, mas é importante ressaltar que o indivíduo só submete-se a certas rotinas se estiver conscientizado do fundamental sentido de ajuda que tais procedimentos exercerão em sua qualidade de vida futura. (Peter, 2004, p.20).

Desde a década de 60, tem sido documentado um baixo índice de participação da população em programas preventivos e de imunização, o que gerou na década de 70 e 80 a publicação de pesquisas e artigos de revisão que discorrem sobre a preocupação com o avanço no conhecimento e compreensão dos fatores determinantes de comportamentos voluntários de saúde (Gimenes, 1997). Sabe-se, porém, que existem inúmeras variáveis que influenciam o nível de adesão a estes comportamentos, podendo aumentar ou diminuir a probabilidade de um indivíduo exercer o cuidado com sua saúde principalmente no que se refere à prevenção.
Um dos grandes desafios, hoje, consiste em desenvolver uma sociedade mais saudável, estimulando o planejamento de políticas públicas capazes de promover a saúde, investindo em pesquisas e ações que incidam na melhoria da qualidade de vida das populações e estimulando a participação popular. (Aertes, 2004, p.20).

Dados da Organização Pan-Americana de Saúde-OPAS (2003) apontam que o fornecimento adequado de informação e capacitação sistemáticas, apoio ao autogerenciamento e qualidade na interação profissional de saúde-paciente, auxiliam de forma eficiente os indivíduos a modificarem seu comportamento com o objetivo de reduzir os fatores de risco à saúde e diminuir a sobrecarga e as demandas de tratamento para doenças crônicas. Deste modo, o compromisso e a ação dos órgãos de saúde, da comunidade e do governo são essenciais para a realização de pesquisas e intervenções em prevenção no sentido de fundamentar a prática do profissional de saúde em evidências científicas que se mostram eficazes (Greenberg e Weissberg, 2001).
Kasl (1974) define comportamento preventivo como a conduta adotada por alguém que se apresenta saudável, com o objetivo de prevenir doenças ou identificá-las em condições assintomática ou precoce, e aponta dois aspectos diferentes deste tipo de comportamento. O primeiro refere-se a comportamentos voltados para a promoção da saúde – por exemplo, fazer dieta adequada e atividade física – que, de forma geral, oferecem benefícios para o organismo. Estes comportamentos caracterizam o estilo de vida e os hábitos do indivíduo. O segundo refere-se a comportamentos voltados para a redução de riscos, para eliminar ou minimizar fatores específicos de ameaça à saúde.
Sobrepeso, obesidade, falta de atividade física regular, qualidade da alimentação,
idade acima de 45 anos, história de diabetes na família, sedentarismo, baixo colesterol “bom” (HDL), dentre outros, são considerados os principais fatores de risco para o desenvolvimento de DM, contribuindo para uma diminuição da longevidade e da qualidade de vida do indivíduo (Bibliomed, 2002; Cardoso, 2002; Coutinho, 1999).

Coelho (2008) ressalta a importância do comportamento e autocontrole do paciente para com o seu estado de saúde, uma vez que a maneira em que o indivíduo age, quando expostos às contingências diárias, pode afetar a relação saúde-doença. Por conseguinte torna-se necessário que o individuo portador de DM aprenda a se autocontrolar e a seguir as regras da equipe de saúde afim de instalar e manter os comportamentos de adesão ao tratamento, uma vez que muitos reforçadores imediatos podem ser produzidos a partir da emissão de comportamentos prejudiciais a saúde. Para Sampaio (2008) os estudos que tem como objetivo a temática da adesão ao tratamento é de extrema importância, uma vez que os dados aqui encontrados apontam para as necessidades dos profissionais de enfermagem direcionarem as suas ações para o desenvolvimento de intervenções que contribuam para promoção de programas de adesão ao tratamento.
Uma vez que o DM exige do indivíduo um manejo eficaz de atividades de autocuidado, é necessário que o profissional de enfermagem ao realizar seu plano de cuidados, considere aspectos individuais do cliente, a fim de que juntamente com ele consiga encontrar, por meio de avaliação criteriosa do comportamento, medidas adequadas para promover sua saúde. (Sampaio, 2008, p.85).

Pode-se verificar que dentre as informações, é evidente a importância da criação de estratégias pelos indivíduos, que visam controlar e reduzir as ameaças de possíveis complicações advindas do Diabetes Mellitus, assim como outras afecções. O papel do enfermeiro está juntamente com a integração destas estratégias através do trabalho educacional, assistencial e de prestação de cuidados.  

Referência 

CASSEB, Mariene da Silva. Prevenção em Diabetes: Efeitos do treinamento de automonitorização na redução de fatores de risco. Belém-Pará. - Programa de Pós Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento, Universidade Federal do Paraná, 2005, 113 f. Dissertação-Título de Mestre. (mimeo).

SAMPAIO, Francisca Aline Arrais, et. Al. Avaliação de Comportamento de Promoção da Saúde em Portadores de Diabetes Mellitus. Fortaleza.. Bases teóricas da Promoção da Saúde do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade
Federal do Ceará – UFC. 2008. pp. 84-88.

GROSSI, Sônia Aurora Alves & PAULA, Maria Pascali. Cuidados de Enfermagem em Diabetes Mellitus. São Paulo.. Departamento de Enfermagem da sociedade Brasileira de Diabetes. 2009. 171 f.

COELHO, Camila Ribeiro & AMARAL, Vera Lúcia Adami Raposo. Análise de Contigência de um portador de Diabetes Mellitus tipo 2: estudo de caso. Campinas-SP. Psico-USF, v. 13, n. 2, p. 243-251, jul./dez. 2008.

PETERS, Andréia, et. Al. Competência do Portador de Diabetes Mellitus para o Autocontrole. Itajaí-SC. 2004.

BASSOUL, Eliane. & KRITZ, Sonia. Nutrição e Dietética. 2ª ed. Rio de Janeiro: Senac. 2007.

MARCONE, Marina de Andrade. Projeto e relatório de pesquisa. In. Metodologia do Trabalho Científico. 6ª ed. São Paulo: Atlas S. A. 2001.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Teoria e prática científica. In. Metodologia do Trabalho Científico. 23ª ed. São Paulo. Cortez. 2007.

6 comentários:

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